O OUTRO

Por Aline Menezes

A dor que não se sente
não é dor no outro nem na gente.
Dizer-se doído pode não emocionar,
pode não fazer o outro chorar.

O choro que engasga,
a dor que no peito aperta;
no outro pode não ser dor,
porque no outro, nada me interessa.

Quem dera todos olhassem
para nós com mais amor,
que pouco a pouco se importassem
com a solidão que em nós restou.

Em tempos tão modernos,
parece que nada mudou:
o homem continua egoísta,
orgulhoso e coisas assim…
Mas quem se importa com o outro?
Antes nele, do que em mim.

O que me inspira para escrever
não é nada que não o homem;
suas angústias, suas dores,
as amarguras sem nome.

O que sinto, só eu sinto
E o outro pode sentir também.
Que sejamos solidários,
porque ser gente é
melhor que ser ninguém.

_______
Escrito hoje, às 11h40, levemente inspirado no egoísmo do homem.

4 Replies to “O OUTRO”

  1. Que linda…me lembrou aquela frase de Machado de Assis: “Suporta-se com paciência a cólica do próximo.” bjo

    Hoje, na aula, discutimos com uma certa profundidade a obra de Machado de Assis… Vc deveria estar lá! Aline

  2. Gostei muito do seu poema. Houve um descuido de digitação na terceira estrofe e, conseqüentemente, um desvio
    de concordância. Corrija, por favor.
    Beijo,
    Jorge

    Corrigido. grata! bjs, Aline

  3. Muito bom poema, corrija o erro de digit. na terc. estrofe (concord.)
    Jorge

    Jorge, já corrigi. Era no se “importassem”? Se não for, diga-me novamente. bjs, Aline

  4. É sempre bom reler os poemas de almas
    sensíveis e amigas. Parabéns,
    Aline, não há o que corrigir. Seus versos refletem a ânsia da solidariedade, tão pouco encontrada
    em tantas almas insensíveis.
    Jorge Leite

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