“E por um instante a vida sadia que levara até agora pareceu-lhe um modo moralmente louco de viver.” (p. 208)
Há coisas belas que perdemos, sem sentirmos, sequer, o seu espectro. Certas experiências, não gostaríamos de deixá-las de viver. Certas pessoas deveriam permanecer sempre conosco. Eternamente. Tudo é mesmo transitório. E não gosto dessa transitoriedade. Quer dizer, gosto. Não sei.
Para cada criatura, um mundo: grande; misterioso; particular. Até o que é óbvio, às vezes, precisa ser repetidamente dito. Nem mesmo estas minhas frases soltas, aparentemente desarticuladas, são desimportantes para mim. E nem sei o porquê dessa tolice.
Todos os dias, morre um pouco de nós. Ainda não tenho certeza dessa minha afirmação. Verdade seja escrita: estamos sempre morrendo. Nascendo. Por que o outro nos fascina tanto, se somos monstruosamente iguais? Não devemos nos abater por isso.
Estamos definhando. Não, não estamos definhando. Sou assim mesmo: contraditoriamente esperançosa. Há um tipo terrível de pobreza: quando deixamos de sentir. Há um tipo miserável de escândalo: quando acreditamos que não merecemos o outro. Só porque o outro é:
Terrivelmente belo.
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NOTA: Quem disse a frase “nem sempre estar certo é o mais importante” foi a personagem Neli, interpretada por Beth Goulart, em “Paraíso Tropical”, durante diálogo entre ela e a sua filha caçula. Não sei por que, mas achei que eu devia dar os créditos para a teledramaturgia brasileira.
LISPECTOR, Clarice. Trecho do conto “Amor”. In: ___ Os melhores contos de Clarice Lispector. (Seleção Walnice Nogueira Galvão). São Paulo: Global Editora, 1996.
Segundo Sartre, o inferno é o outro. Talvez o céu também.
Ultimamente, tenho pensado que o outro é o céu. E que tem me tirado de algum tipo de inferno. abraços, Aline
“Nem sempre estar certo é o mais importante”, concordo!… Mas é muito importante “estar certo de algo”, pois a certeza do certo norteia-nos por caminhos obscuros. E hoje, o certo é que estamos (eu e tu) distantantes um do outro; o porquê não sei ao “certo”!…
Tio Joésio, sem dúvida, é importante estarmos certos de algo (caso contrário, a vida seria a plenitude de um desastre), porém, mais importante que isso é ter a certeza de que “nem sempre estar certo é o mais importante”. Só isso! Quanto ao distanciamento, faz parte da transitoriedade da vida e das circunstâncias. abraços, Aline
Está certo quando se precisa de paz é o menos importante. Algumas vezes é melhor trocar a razão pela paz e cessar uma briga , seja ela travada no nosso interior ou com o nosso próximo. Sim, é bom ter um lugar onde nossa alma descanse e esse lugar (céu) pode ser o outro. bjks
Helen, cadê você? Qualquer dia desses, vou buscar você pra gente ir ao Caio, certo? Sobre seu comentário, no momento, o que mais quero é um descanso para a minha alma. beijos, Aline
Aline, querida, sei q seu aniversário é este mês, mas não lembro qual o dia certinho. Me diga assim que puder. No mais, saudades de vc, menina. bjks
Helen, é dia 28 de setembro. Quero ser paparicada nesse dia, viu? beijos, Eu
“Por que o outro nos fascina tanto, se somos monstruosamente iguais?” Por que admiramos tanto o espelho? Acostumamos-nos a eles, mas ainda hoje, com centenas deles pelas ruas ainda nos surpreendem? Acredito que essas perguntas devem ter uma resposta semelhante.
Acho que a nossa pouca morte diária é não poder ir contra a trasitoriedade, nossa impotência ante as mudanças. Será que se gostarmos totalmente delas não passaremos a ver a vida de outra forma e a cada dia nasceremos mais? Hummm… Não sei.
Uma pergunta: O que é terrivelmente belo (para você)? E merecê-lo?
Beijos!