SOLIDÃO NA MULTIDÃO

Por Jorge Leite*

Silenciosamente, sigo a estrada,
Estreito trecho outrora de gramado,
Que em plena urbe insiste em ser pisado,
Embora a imponência da calçada.

Então me ponho a meditar em prantos,
Eu que me encontro tão triste e sozinho,
E atravesso cantando este caminho
Vendo os bares repletos de outros cantos.

Mais adiante, atravessando a rua,
Vejo táxis parados, esperando…
Ansiosos clientes vão passando
Em direção ao bar à luz da Lua.

Entregue à minha solidão e dor,
Eu, novamente, sigo o itinerário.
Em meio a tanta gente, eu, solitário,
Por vezes temo estar ausente o amor.

Onde a simplicidade do sertão?
Onde a magia do campo de antanho?
Hoje, por toda a parte, há tanto estranho
Que sou na multidão só solidão.

_________
*Jorge Leite é professor de Língua Portuguesa e aluno do curso de Especialização em Literatura Brasileira da Universidade de Brasília (UnB).

9 Replies to “SOLIDÃO NA MULTIDÃO”

  1. Jorge, é com prazer que publico neste site um de seus poemas. Uma forma que tenho de homenageá-lo pelos seus escritos e pela sua paixão pela literatura. Em “Solidão na Multidão”, encontro expressões metafóricas (“cantando este caminho”), bem como as isotopias que estudamos. Por sinal, tudo muito bonito e triste. um abraço carinhoso,

  2. Muito bonita a poesia do seu colega de classe… Pra mim, é a solidão de alguém do campo na cidade grande, com sua tanta gente, tanto bar, tanto táxi, e nenhuma introspecção, nenhum amor.

    Beijo!

    Eu tenho mais alguns poemas de Jorge. Aos poucos, publicarei aqui. beijos, Aline

  3. Gostei, especialmente a penúltima estrofe.

    Eu tb gostei muito da penúltima estrofe. José, grata pela visita. beijos,

  4. Mto lindo. O José tirou as palavras da minha boca. A penúltima estrofe é a mais bonita. bjs

    É verdade, Helen. O tema solidão nos dá muito o que falar. É inspirador! beijos, Aline

  5. Alessandro Saturno says: Responder

    Olá Aline… que legal agora você tem um site… parabéns…

    E aí como estão as coisas? o trabalho… a vida…..

    me responde esse e-mail viuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

    Alessandro, mandei email para vc. Responda-me. Saudades, Aline

  6. Aline, não havia me recordado a primeira vez que vi o nome do autor. Pela sua nota ,creio eu, que ele foi meu professor no primeiro semestre da faculdade. Se não, é muita coincidência. bjks

    Helen, deve ser ele mesmo, até porque Jorge já deu aulas (ou ainda dá) lá na faculdade. bjs, Aline

  7. Olá, Aline, olha eu aqui novamente, muito bom esse poema, no meio de tanto made in china cultural, nos deparamos com certas reflexões que por vezes nos assustam. É bom nos depararmos com a dor de vez em quando pois assim damos mais valor a vida.
    Bjos

    Michel, vc está me devendo um email contando as novidades aí de Tobias e da UFS. Como vão as coisas? Dê notícias. Diga a Josemária e a sua tia Iara que mandei lembranças. abraços, Aline

  8. Linda poesia!… Há um bom tempo eu não lia uma poesia contemporânea tão bonita!… Ah!… Line, aproveito o ensejo para dizer-lhe que enviei (hoje, 07/06) sua encomenda por Dijalma. Abraços.

    Tio Joésio, peguei a encomenda na tia Dijalma. Meus amigos adoraram o presente. abraços, Aline

  9. Queridos amigos,
    Obrigado pelas referências elogiosas ao meu trabalho.
    Em resposta à dúvida da Helen, informo-lhe que ainda sou professor do UniCEUB,
    onde leciono Língua Portuguesa há 21 anos. Como trabalho, em média, com oito turmas por ano e diversos cursos, é bem provável que em um deles nós nos tenhamos conhecido: Psicologia? Biologia? Administração? Direito? Não adianta tentar adivinhar, mas terei um grande prazer em enviar-lhe o meu abraço e desejos de permanentes sucessos em seus ideais e na vida em geral.
    Abraços,
    Jorge Leite

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