Human sexual life will always be subject to convention and human intervetion. It will never be completely “natural”, if only because our species is social, cultural and articulate. (Gayle Rubin, p. 199)
A opressão das mulheres e a subordinação social, termos recorrentes no ensaio de Gayle Rubin, de fato não são assuntos tão simples quanto podem parecer e, por isso mesmo, exigem leitura mais ampla da questão. No clássico The traffic in women, Rubin tenta nos apresentar definições mais elaboradas sobre o que ela chama de “sistema de sexo/gênero”. E afirma que esse sistema “envolve muito mais do que ‘relações de procriação’, reprodução no sentido biológico” (p. 167).
Nossas avós e bisavós, não muito longe as nossas mães, dificilmente (ou quase nunca) se sentiam à vontade, muito menos livres (ainda mais porque não eram), para expressar seus desejos ou suas percepções acerca do sexo ou da sexualidade. Aliás, nem elas mesmas se permitiam “querer” falar. Clitóris, orgasmo, pênis, entre tantas outras, eram palavras inexistentes nesse universo ou, pior, impronunciáveis. Sentir prazer sexual não era coisa de ‘fêmea’, mas uma espécie de direito do ‘macho’.
[…] ainda hoje no Brasil – e talvez isso esteja longe de ser exterminado – encontro diversos tipos de resquícios dessa opressão, quando não a opressão em sua forma mais “primitiva”. Seja nas ruas, nas relações de trabalho, na fila do supermercado, numa conversa no bar, na saída do cinema. Não faltam meios nem formas simbólicas de a mulher ser identificada ou reconhecida como “utilidade reprodutora”. Apenas.
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RUBIN, Gayle. The traffic in women: notes on the ?Political Economy? of sex. In: REITER, Rayna (ed.) Toward an anthropology of women. New York: Monthly Review Press, 1975.
Acredito que não seja nem mais reprodutora, e sim como objeto de consumo, o qual pode ser desfrutado por alguns minutos e depois é jogado fora.
No que diz respeito à convenção, barreiras estão sendo derrubadas e caminhamos para um mundo onde vai ser difícil viver.