A tecnologia da comunicação proporciona uma quantidade inesgotável de troca de mensagens entre os cidadãos ávidos por relacionar-se. Mas nem sempre os intercâmbios eletrônicos funcionam como um prólogo para conversas mais substanciais, quando os interlocutores estiverem frente a frente. Os habitantes circulando pelas conexões líquidas da pós-modernidade são tagarelas a distância, mas, assim que entram em casa, fecham-se em seus quartos e ligam a televisão. (Gioconda Bordon, jornalista)
Se não houver reflexão, percepção e esperança, reproduziremos com muita facilidade comportamentos motivados pelo lixo ocidental da liquidez dos sentidos. E, nesse ritmo, tornamo-nos seres cada vez mais cínicos, sem a apreciação do que é sólido, consistente e que não desaparece no ar.
Sob diversas perspectivas e de diferentes maneiras, somos pressionados diariamente. Nossas angústias individuais e nossos medos coletivos, às vezes, ditam as regras e nos fazem cometer suicídios emocionais. E, se há remédio para alterar nossas percepções e torná-las mais saudáveis, penso que seja a prática da consciência.
Sim, acredito numa Consciência Superior. E é a essa consciência que eu gostaria de me submeter todos os dias. Abraço a visão de mundo espiritual. Numa tentativa de identificar o que há de verdadeiro, honesto, justo, puro, amável e virtuoso na vida, considerando que essa identificação será sempre, sempre subjetiva e solitária.
Sentir as dimensões da alma e do espírito, talvez seja essa a nossa maior falta. Enquanto as lágrimas simbolizarem a liquidez dos sentidos, ficaremos imersos na palidez dos pensamentos superficiais e da falsa satisfação pessoal. Seremos apenas como um bizarro lençol sujo de sangue: indícios de que algo esteve fora do controle…
… suspensão da beleza do que é sólido.
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A citação de Gioconda Bordon foi retirada do texto A fragilidade dos laços humanos, escrito com base no livro do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, intitulado Amor líquido – sobre a fragilidade dos laços humanos (Editora Jorge Zahar, 2004).
Interessante como encontramos fragilidade em diferentes estados: por um lado, relacionamentos tão cristalizados e belos quanto vulneráveis, por outro, uma comunicação líquida, nessa modernidade de conexões superficiais.
Bjos.
Isso mesmo, Cecília. Você fez um ótimo gancho com o texto anterior. Precisamos buscar a solidez da vida. beijo, Aline
Oi Aline, te “conheço” de longa data, por causa da Les e da Helen. Agora pude provar o porquê de tanta admiração. Suas palavras deixam a gente sem fôlego.
Maravilha!
Deus continue te abençoando para você abençoar todas as vidas que passam pela tua e por aqui.
Abraços
Então quer dizer que nem preciso me apresentar? Que injustiça!!! ahahahah Faz tempo que não tenho notícias de Les. Obrigada pela visita. Às vezes, a vida também me deixa sem fôlego :P. Que Deus nos abençoe. Sempre. um beijo, Aline
Oi Aline… Adorei o texto. Ótima reflexão. 🙂
As pessoas andam ávidas por relacionamento, mas esquecem que a essência de um relacionamento é a troca, o compartilhar. Eu acredito em relacionamento que se inicia pela internet (seguindo o exemplo das mensagens instantâneas), mas para que haja um relacionamento tem de haver mútua intensão e mútuo interesse.
As pessoas querem usufruir algo mas não querem pagar o preço.
Qual é o preço de um relacionamento? Dar aquilo que se quer receber.
Não pagar o preço de um relacionamento real, seja por medo ou por egoísmo, resulta num pagamento muito maior: a dor de estar só.
Falaria mais coisas, mas começou uma tempestade com raios e trovões aqui. 😛
Beijos.
Oi, Rebeca. Nossa avidez por relacionamentos precisa ser ponderada. Percebo que muitos estão alucinados, perdidos e alienados. Sem condições de enxergar a água no estado sólido. Apenas escorregando em partículas… beijos, Aline
P.S.: Quis escrever: “mútua intenÇão”. 😛
P.S.: Sem problemas! beijo
Estive folheando novamente este livro aq em casa esses dias ,Amor líquido. Bauman fala bem desse sujeito pós moderno, ávido por se relacionar, porém com medo de se comprometer. Pela internet as coisas são mais “fáceis?, é só apertar a tecla Del. O fato é q este tipo de ação tem se refletido nos relacionamentos que vão além do virtual, e no caso tem gerado essas pessoas desejosas de amar, porém com medo do q isso possa trazer, ou seja, desejando os benefícios, mas não as responsabilidades que vem no pacote. Isso tem trazido conseqüências emocionais terríveis, vejo verdadeiros Peter Pan (s), meninos que não querem crescer, e cinderelas frustradas, à espera do príncipe capaz de sacrificar sua ?liberdade? prá ficar com elas. Tá aí outra questão emergente quando o assunto é relacionamentos , a super valorização dessa pseudo liberdade. Vou parar por aq q esse assunto dá muito pano pra manga. Sejamos crédulas. bj
Pois é, Helen. O “sejamos crédulos” é o convite que sempre faço. Bauman é um sujeito que me atrai. E o assunto de que ele trata exige reflexões muito mais além da superfície. Pensar as relações humanas numa era em que se convencionou chamar de “pós-modernidade” é desafiante. Como ele mesmo diz: “[…] assim é numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro” (p. 21). um beijo, Aline
A Les voltou , tem o link dela lá no meu blog. bj
Grata pela informação! beijo, Aline
Num guento mais essa coisa de virtual, ninguem merece, não se abraça mais, não se toca mais, até o sexo é virtual, vivemos em uma era de extrema rapidez na comunicação mas de efetividade pouco se tem, é uma saco isso, sou ainda do tipo que prefere o analógico,kkkkkkkkkkkk, bjos
É verdade, Michel. Sejamos pessoas com percepções mais saudáveis… Agradeço pelas visitas freqüentes :P. beijos, Aline
Francamente acredito que essa troca de mensagens acabará por alargar o nosso diálogo, que se restringia às pessoas próximas. Próximas físicas e intelectualmente. Hoje se alarga. E se alargando tudo se confunde, amplifica e se confunde. Mas, ao fazer um balanço daqui há algum tempo, estou certo que estaremos em um nível melhor. O diálogo é a base do humano. A tolerância advém disso. Estamos caminhando.
Às vezes sou acusado de um otimismo inocente, estou certo que não é o caso. A sua reflexão é uma prova disso, como nós nos conheceríamos, por qual meio ? Esse é barato, democrático e direto. Ainda que sem os apertos de mão e demais formalidades de estilo. Bjs.
Olá, Djabal. Entendo seu otimismo. Sob a perspectiva de ampliação das possibilidades de diálogo, não tenho dúvidas de que podemos ter benefícios. Minha crítica se estende para os relacionamentos e para as percepções fragmentárias, superficiais… vai para a falta de reflexão diária do que somos e daquilo que, de fato, poderia nos fazer melhor. Obrigada sempre pela visita. um beijo, Aline
Humm. Segunda vez (recente) que vejo menção a “Amor líquido”. Uma grande amiga e irmã em Cristo já o mencionara para mim, há tempos. Será que preciso lê-lo?
Sobre a citação de Gioconda Bordon: fez-me pensar no que acontece repetidamente em comunidades do orkut : monólogos. As pessoas comentam em tópicos sem lerem. Claro que a gente às vezes lê sem atençao por n fatores – pressa, cansaço … – mas com freqüência esses comentários soam como “monólogos” por mostrarem grande egocentrismo.
Talvez por isso o silêncio nos encontros reais, e a tv ligada em casa. “Relacionamentos” de qq espécie pedem “relação’, pedem um retorno, uma comunicação…
Estou chovendo no molhado? É.
Claire, que bom tê-la aqui. Pois é, acho a abordagem de “Amor líquido” interessante e bonita. Eu adoro ciências sociais… até já pensei em fazer mestrado em sociologia ou antropologia… Quanto ao território virtual, creio, sim, que ele pode traduzir muito bem as nossas fragilidades e as fragilidades dos laços humanos. No final das contas, temos apenas a prova de quão vulneráveis somos ou podemos ser. um beijo, Aline
Não sei se entendo o que a expressão “amor líquido” quer dizer… Se for um amor não-sólido, então a expressão é um paradoxo, já que solidez é uma característica inerente ao amor, ou seja, se não é sólido, será amor?
Realmente, o virtual muitas vezes é superficial.
Oi, José! Na minha opinião, Zygmunt Bauman está muito mais preocupado em falar sobre as fragilidades humanas do que apenas sobre como isso se traduz no mundo virtual. A idéia do “amor líquido” é exatamente o de contrapor o sólido com a liquidez. Logo na ‘orelha’ do livro, está escrito: “A era da modernidade líquida em que vivemos – um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível – é fatal para nossa capacidade de amar, seja esse amor direcionado ao próximo, a nosso parceiro ou a nós mesmos”. É isso. beijos, Aline
Passei por aqui pra dizer que estou com saudades de ver você, da gente conversar e
da neblina na rua nas madrugadas.Be happy!!!!!!!!!!!!
Oi, Michel… Qualquer dia desses, tenha certeza de que estaremos no maior papo ao vivo… ahahah Só não sei se minha irmã estará conosco 😛 beijos
Adorei!
Relações precisam de elo. Acho que hoje existem muitos elos. A tecnologia é um deles. Alguns são mais fortes que outros e eu ainda continuo achando que conversar é a melhor coisa. É bem o que a autora fala, pessoas querem se relacionar e ao chegar em casa se trancam em seus quartos. Eu gosto de falar e ouvir e tocar e de gente!!!
Muito bom o texto! (Valeu pelo comentário no meu humilde e novo bloguinho.)
Bejins!
Hello, Lisi!!! Visitei, sim, o seu blog e o adicionei aos meus links no “Sugestão de outras páginas”… Quanto ao texto, o livro de Bauman é interessante. Pelo menos, para mim. beijos, Aline
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