(…) Je t’en rendrai quatre plus chauds que braise…. (…) Permets m’amour penser quelque folie… (Louise Labé in Baise m’encore)
O coração inóspito carece de suave erotismo ou, pelo menos, da suspensão temporária do fôlego. É necessário parar sempre; é preciso repetir também. Há momentos nos quais a razão é a pior das incoerências. E quem disse que é disto que necessitamos: das coisas comedidas? Dois gramas de loucura devem nos fazer bem em alguma circunstância. Só não sei em qual.
Equívoco é considerar o outro finito, estabelecido. Sabe-se lá o que se passa em nossas entranhas, no interior de nossas impurezas, no fingimento das cores, dos sotaques e das sensualidades forçadas. Manifestações artísticas – assim como a literatura – requerem deslumbramento, não do tipo alienante. Mas criado pela dilatação do espírito. Inalcançável.
Descobri que não há segurança em olhar nos olhos. Tanto o desvio como a direção exata e simultânea, ambos podem ser uma farsa. Na mesma medida. Quietude e sobriedade não nos cabem em extensão. Acabam. Sobram. Surgem. E volto a olhar nos olhos, e pode até ser verdadeiro. Isso não faz sentido, de novo. Resta-me agora reescrever. Ou apagar pra sempre.