Paris muda! mas minha melancolia não se move. […] onde me perco e me exilo na memória. (Carta de Paris, Ana Cristina Cesar)
existem poucas coisas importantes na vida; em geral, tudo é insignificante. além disso, o mundo é feio, e são poucas as pessoas que têm a capacidade de reconhecer o que nos resta de belo. sim, porque – apesar da feiura do mundo – ainda ecoa pelo universo um pouco de beleza. talvez seja a isso que devamos gratidão.
quem consegue não se render à estupidez e à ignorância de aceitar que a nossa vida seja um produto fabricado em série? é o originial e único que me fascina. é o que é íntimo que me tira do meu estado de apatia anímica. onde encontrar gente disposta a entender tudo isso? a quem recorrer quando o que preciso é imensurável?
perde-se muito tempo procurando explicações. a vida não tem sentido; ela tem ecos de beleza. e eles viajam por muito longe. e quase ninguém os percebe. porque o cotidiano, as circunstâncias, as incapacidades, a indelicadeza, as vaidades, os preconceitos, as discriminações, as paranoias masculinas, as con(in)venções sociais… tudo tem efeito anestésico em nós.
agonizamos porque não somos livres.