A metáfora de soltar as velas e navegar longe é o que há de mais delicado para ser dito quando não sabemos exatamente como dizer. Se o que me envolve exige prudência e sensatez, então que me resta senão confiar no caminho sem sortilégios? Sim, já entendi que não posso controlar as circunstâncias.
Permaneço à procura de formas diferentes de viver e sobreviver às minhas transgressões. Esta é a minha existência devassamente santa: revelo minhas misérias cotidianas e históricas, pessoais e impessoais; busco ser honesta, cinicamente honesta. Encontro o caminho desta relativa liberdade. Encontro a cura. Encontro a gratidão.
E sigo: como se eu pudesse silenciar o que sinto…
… como se eu pudesse conter os meus desejos,
impronunciáveis.
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Escrito e publicado originalmente em 26/5/2010, sob o título “Desire”.
Foto: @hanna_panchenko