É raro o ser humano mostrar-se totalmente sincero ou totalmente hipócrita. A disposição muda, seus motivos são confusos e ele em geral se engana bastante em relação a quais sejam seus motivos… (C.S.Lewis)
O escritor irlandês C.S.Lewis (1898-1963), durante os últimos treze anos de sua vida, trocou correspondências com uma americana. Lewis e a senhora dos Estados Unidos nunca se encontraram pessoalmente. Mesmo fragilizado pelos seus problemas de saúde (sem contar com o período em que sofreu a perda de sua mulher Joy), ele sempre demonstrou em suas cartas a preocupação com o outro. A honestidade de quem sabe de suas imperfeições e, nem por isso, esconde-se por trás de suas virtudes.
No início, pensei que Cartas a uma senhora americana me daria apenas o prazer de ler as cartas escritas por um bilhante escritor, aquele ser inatingível e inacessível aos olhos dos fãs. Até o momento em que enxerguei a beleza do homem Clive Staples Lewis (Jack, se preferir). Aquela beleza sobre a qual escrevo de vez em quando. E que admiro sinceramente. Beleza que não se encontra com facilidade, que não está à venda, que quase nunca encontramos no ambiente de trabalho, no meio acadêmico, nas ruas da cidade, na esquina, nem nas lojas Tiffany’s.
A simplicidade de quem revela dor: “… Não posso descrever a aparente irrealidade de minha vida desde então [a morte de Joy]. (…) Tentarei escrever de novo quando tiver mais controle sobre mim mesmo”. A certeza de que deveríamos, sim, viver como os lírios dos campos. Deveríamos, sim, compreender o quanto somos miseráveis. E que, se há alguma beleza em nós, não é fruto da seleção natural. Nem muito menos dos nossos antepassados. Se há alguma beleza em nós, sejamos gratos, afinal de contas…
… “um homem com as mãos cheias de pacotes não pode receber um presente”.
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LEWIS, C.S. Cartas a uma senhora americana. Tradução Lenita Esteves. São Paulo: Editora Vida, 2006, pp. 91, 112 e 120.
Eu acabei de ler outras cartas, escritas pelas mãos dele (Cartas de um diabo ao seu aprendiz), e como você sabe me agradaram bastante, embora não tenha agradado tanto a ele escrever, já que ele disse, que de certa forma, ele tinha de ver as coisas pelo outro lado.
Apenas folheei as Cartas a uma senhora americana, e me pareceu muito bom, e muito coeso com o que ele escreve nos seus livros. Ali, de certa forma, a teoria se junta com a prática, e podemos conhecer o homem. Pelo menos um pouquinho 🙂
De fato, a beleza não depende desses fatores, ela depende daquilo que podemos construir com sentimentos, com alguma clareza da razão. Sem expectativas e sem apego. Apenas usando a tecla da sinceridade. Parabéns pela lembrança dele. Beijos.
Gostei dessa frase: “A simplicidade de quem revela dor”.
Sim, Lewis era uma bela alma, só assim poderia ter escritos todos aqueles livros cheio de beleza, simplicidade e intensidade.
É justamente isso que procuro desesperadamente em outros escritores: a simplicidade estilo lewisiana. Você é envolvido por uma leveza e, a cada palavra lida, tem a sensação de descoberta de um novo e maravilhoso modo de ver as coisas.
Sou um grande fã do Lewis. Graças a Deus, consegui um bom número de seus livros (e de livros que falam dele), os quais devoro e redevoro sem cansar.
Gostei da postagem C.S. Lewis é um mestre, o pouco que conheço sobre ele me faz admirá-lo bastante. E pela beleza com que escreve penso que tenha sofrido, pois como disse Dostoievski para se escrever bem é preciso sofrer, sofrer…
Abs!!!!!!!!!!!!