approaching

(…) then of course  I’ll feel nude… (…) as I wait for hope to come for me… (Brooke Fraser in C. S. Lewis Song)

A literatura de que preciso é silenciosa: organizo o meu caos interior na inquietude desta avidez ironicamente serena. Desordem comum nas noites densas do outono que insiste em não mudar. O que fazer quando o que observamos não tem nome? Naturalmente as pessoas não percebem a sutileza da dor. Diminuta, mesmo sendo o tipo de rasgar profundo e que nos impele à reflexão.  A descrição é esta: sem pressa e sobejamente, evita-se a mossa, imobiliza-o.

Escrever é a maneira mais intransitiva de dizer o que sinto. Nada está tão escondido quanto a revelação destas palavras. Protejo-me enganosamente. E juntos acreditamos que entendemos do que se trata: não. Tenho tempo para pensar, escolher, apagar, consultar. Voltar atrás. Isso não me acontece no passar das horas. Elas prosseguem impiedosas. Sem nem me perguntar se isso é justo. A vida é incansavelmente assustadora. Quer dizer, nem tanto.

Sim, o homem velho sente frio. Aqui dentro, existem dimensões ficcionais. Mas a dor não é uma delas. Porque há coisas que nunca deveriam ter sido ditas: o recolhimento também traz lá suas virtudes. E a experiência, suas inquietações.

One Reply to “approaching”

  1. Quase dá pra sentir o que você está sentindo ao ler suas palavras.”Sim, o homem velho sente frio”. Que bela frase!

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