A edição 14 da Revista Guavira Letras, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), em 2012, publicou a minha resenha sobre o romance Algum lugar (2009), da escritora argentina radicada no Brasil Paloma Vidal. No texto, por meio da identificação das personagens do livro, discuto questões como pertencimento, solidão e sensação de isolamento do sujeito contemporâneo. A seguir, apresento excertos do meu trabalho:
Em Algum lugar, o anonimato é parte da solidão, do deslocamento, da impossibilidade de se reconhecer neste mundo, deste sentimento de não ser de nenhum lugar, de não poder pertencer nem mesmo aos outros, nem a si mesmo. A falta de intimidade entre os personagens, incluindo o conflito entre a narradora e Luci, também denuncia certa incapacidade nossa de tratar o estranho de modo mais humano, numa época “pós-moderna”, para lembrar o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em Amor líquido (2004).
No artigo “Quando a esperança é subversiva” (2004), o professor e crítico cultural dos Estados Unidos, Henry A. Giroux, questiona se é possível imaginar a esperança por justiça e humanidade depois da tortura de iraquianos detidos por soldados americanos na prisão de Abu Ghraib, complexo penitenciário localizado na cidade do Iraque, que ganhou as manchetes dos jornais de todo o mundo no início de 2004. No texto, Giroux afirma que a esperança é a precondição para a luta individual e social. Em Algum lugar, a narradora é contemporânea desse episódio, inclusive, do início ao fim do romance, há pelo menos quatro menções diretas ao assunto. A suspeita aqui é a de que Abu Ghraib também constitui um não-lugar ou um lugar fora do mundo, onde as pessoas não tinham nomes, nacionalidades, cidadania, direitos ou mesmo humanidades, eram como objetos ou animais criados pelos torturadores.
Para ler íntegra da minha resenha sobre o romance Algum lugar, de Paloma Vidal, acesse o link abaixo:
Foto: “Woman walk through pathway” | Pexels