A primeira edição de 2008 da Revista de Letras da Universidade Católica de Brasília publicou o artigo “A escrita do fragmento”, da professora e pesquisadora Susana Souto, que discute o fragmento como constitutivo da escrita de Clarice Lispector (1920-1977), com base em crônicas da autora publicadas no livro A descoberta do mundo (1984). Leia a seguir excertos do texto da professora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL):
De todas as imagens que a mitologia grega nos legou, a que representa a noção de tempo é uma das mais instigantes: Cronos, o pai devorador. A sua narrativa assusta-nos e comove-nos. Fala do que é em nós a corrosão cotidiana do tempo, a cruel irreversibilidade do tempo, que, ao passar, “imprime em toda flor sua pisada”, como canta Gregório de Matos.
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Clarice cronista: inclassificável?
No caso de Clarice Lispector, a problematização das possibilidades de escrita e seu constante insurgir-se contra a limitação das classificações levaram-na a escrever crônicas também diferenciadas. Por falta de tempo, ou, como ela mesma declara, por não saber muito bem o que significava escrever crônicas, a autora de A hora da estrela (1977) selecionava um fragmento (palavra importante para pensarmos a sua escrita) de um dos seus livros – romance ou conto – e mandava-o para o jornal. Outras vezes, enviava um conto curto, que, posteriormente, era publicado com outro título em livro, como conto, não como crônica.
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Foto: Reprodução / EBC